sábado, 7 de dezembro de 2013

O mundo é assim mesmo.

Alerta: Essa é uma reflexão pessoal minha, talvez alguém possa não ter a mesma relação que tenho (e que desejo não ter) com a ideia de utopia.
Divirtam-se

Não importa o quanto de bosta sejamos obrigados a engolir todos os dias, o mundo é como é. E ele é imenso, complexo e incompreensível. Aquilo que entra em nossa mente formando nossa concepção de mundo é apenas uma fração insignificante do que ele é realmente. Isso significa que nunca (eu digo NUNCA!) iremos ter uma concepção realista do que o mundo é. O máximo que conseguiremos é formar uma representação tosca do que ele aparenta ser para nós. E além de ser uma representação tosca, muitas vezes é uma representação suja. Sujamos a representação de mundo com nosso ponto de vista interesseiro e limitado. Dizemos que as coisas estão erradas porque não agrada a nós. Por mais que este "não agrade a nós" signifique que não agrade a muitas pessoas, não nos agrada acharmos que o mundo não agrada outras pessoas também e é só. Pior do que tudo isso é quando alguém resolve projetar um sistema ideológico complexo (Não confundir com mudanças eficientes, imediatas e realistas), uma utopia. Aí cai o cu da bunda inexoravelmente. Cai até chegar no outro lado do mundo. Porque já não basta a representação da pessoa ser tosca e suja, ela quer mudar essa representação tosca e suja e projetá-la na realidade. Isso é o fim da picada. Isso é tão absurdo quanto alguém querer montar um outro universo baseado nas leis da física que conhecemos atualmente. O máximo que alguém vai conseguir fazer é um jogo estilo Angry Birds... O problema nisso é que estamos constantemente "utopificando" tudo o que vemos, vemos algo que não nos agrada no comportamento das outras pessoas e queremos mudar, queremos que elas se adequem, achamos que o mundo gira em torno do nosso umbigo. Mas não gira, nunca vai girar. Somos apenas unidades interesseiras como bilhões de outras no mundo e estamos fazendo exatamente o que todas as outras pessoas fazem: Buscando seus interesses pessoais. Somos engrenagens de uma imensa e inexorável máquina monstruosa. Acho fundamental abandonar a ideia de utopia, ela não passa de um romance. Ela torna nossa concepção abstrata de mundo, que já é extremamente tosca e limitada, algo distorcido. Ter em mente a ideia de utopia nos cega, projetamos nossa utopia em cada coisa que vemos, isso nos impede de ver com mais clareza. Se acho que alguém não deveria agir de uma maneira, minha noção de utopia crucifica a pessoa no mesmo instante eu não penso no porque ela age daquela forma, penso apenas que ela não deveria existir pois vai contra a minha concepção ideal e egocêntrica do mundo. Isso é um tipo de arrogância, acho eu. O que proponho é que tenhamos humildade suficiente para aceitarmos e entendermos o mundo do jeito que ele é, com toda a bosta que ele tem, com todas as coisas que são incômodas, com todo o chorume que verte dos poros das pessoas que convivem conosco todos os dias... Isso é fundamental para que possamos compreendê-lo de forma mais clara, pois a mudança não virá da parte que suja nossa tosca concepção de mundo, mas da complexidade da concepção que, por sua vez, virá da aceitação e da humildade. E essa concepção complexa nos permitirá que nosso esforço não seja em vão. Saberemos exatamente onde agir, exatamente o parafuso que deve ser apertado e a porca que deve ser afrouxada. A mudança será direta, será realista, será impactante, eficiente e imediata. Não adianta nada criar uma utopia e ficar forçando as pessoas a se adequarem a ela, por mais que seja edificada sobre idéias claras e bem fundamentadas, que seja complexa e bem articulada, por mais que faça completo sentido e agrade a todos: O caminho entre a realidade e a utopia não existe.