terça-feira, 26 de novembro de 2013

Um ano se passou

Me sinto uma barata. Me sinto um pedaço de pau podre e inútil. Um dia fora usado para montar a estrutura de uma linda casa na arvore, esta caiu, foi desmontada. E cá estou eu jogado em um canto qualquer, ao ar livre, apodrecendo... Sem ao menos uma lona esburacada para me proteger da umidade e da chuva.
Todas as experiências corroboram a verdade única, ou melhor, uma mentira velha que se incrustou na mente desde criança: "Você é o que você sabe, e o que você sabe é mais importante do que tudo o que você pode ter, fazer ou mesmo sentir, vale mais até do que seu próprio corpo. Pois o que você sabe nunca lhe será tirado." O que você sabe é tão efêmero quanto todas as outras coisas. Talvez até mais, se você fizer algo, pode durar mais do que a sua própria vida. Já seus pensamentos não... eles vão morrendo, murchando, sumindo...
Um ano se passou desde que saí do catavento, uma questão na fuvest era sobre o que eu explicava todo o santo dia, não lembrei... Um ano é suficiente para todas as coisas que você aprendeu sumam da sua cabeça. E sumam mesmo, não é branco, se fosse branco teria sabido logo depois da prova... Não tenho brancos em prova. Tenho com pessoas. Pessoas são tão intimidadoras para mim quanto as provas o são para as outras pessoas... Prefiro que elas escrevam no papel em vez de perguntarem para mim algo que eu possa me enganar ao responder. Mesmo algo decorado e idiota como o número do meu rg...
Um ano se passou e depois de sempre acostumado a ser bajulado por professores idiotas de ensino fundamental, não precisar estudar por mais de dois dias as coisas idiotas do ensino médio, nem precisar ir à aula fazem você acreditar que é e que sabe alguma coisa de verdade... Então vem a faculdade, a maioridade e a vida cobra que você saiba realmente alguma coisa que não está lá... Algo que você esqueceu... é como uma planta que você cuidou muito bem no passado e esqueceu dela... As pessoas perguntam por ela e você acha que ela está bem, acha que ela vive firme e viçosa sem precisar se preocupar com ela... Como uma máquina auto sustentável maluca. Mas não. Não é assim que as coisas funcionam. O tempo passou, enquanto estava buscando coisas idiotas e aleatórias ela estava lá, esperando pelos cuidados que não vinham, esperando por água, esperando por uma luz... Morrendo... E quase morreu.
Um ano metafórico se passou, mas na verdade, passou muito mais do que isso. No começo, sua atenção a ela era total, sua vida era ela, ela era a única coisa que tinha e que importava que você cuidasse (era, ainda é e sempre será). Atenção esta que foi cedendo lugar para outras coisas mais prazerosas e menos importantes que poderiam aparecer, e foram tantas... Mas o tempo perdido poderia não ter se perdido. O tempo perdido poderia ter sido muito bem dividido entre as duas coisas. o tempo perdido poderia não ter se perdido... Aquela planta que foi esquecida aos poucos, que foi se tornando seca e sem vida, que teve suas folhas já secas arrancadas por qualquer vento não representa apenas a inteligência, nem apenas a sabedoria, ela representa muito mais do que isso... Representa uma pessoa completa, representa a concepção desta pessoa sobre ela mesma... Esquecer isso é como se matar aos poucos no mundo das drogas, não tem muita diferença... Fugir da realidade jogando, se drogando, buscando sexo ou seja lá o que for é o mesmo fugir da realidade de alguém que se afasta de si mesmo. O problema está em fugir, não na busca das coisas em si...
Um ano é pouco, muito tempo se passou, e alguém está aí (aqui), tal qual um panaca sem saber para onde ir. O que fazer. Não sabe mais quem é, só sabe uma coisa: Não é o que pensava que era. É muito menos do que pensava que era. E muito menos do que poderia ser... É apenas um caderno velho cheio de lembranças boas jogado no fundo de uma gaveta mofada. Não, lembrar não é viver, não se iluda com qualquer merda que os ditados populares digam... Viver é muito mais do que acumular experiências boas em um caderno chamado passado ou memória. Viver é fazer, é lutar e conquistar... Viver é edificar seu cérebro para que se torne a máquina fantástica que você quer que ele seja, que ele resolva cálculos rapidamente, que ele saiba todos os teoremas e os axiomas, que ele jorre algoritmos quando precisar dele, que ele seja rígido como uma rocha nos momentos de tensão e de tristeza...
Mais, muito mais do que um ano se passou e a sua vontade de qualquer coisa pode ser comparada com a de um burro a correr atrás de uma cenoura presa nele mesmo: Busca inútil. Nem vê para onde está indo... Onde estão todas quelas coisas que você tanto sonhava quando criança? Onde está sua vontade de se tornar aquilo que queria se tornar? Onde se meteram as vontades? Elas estão longe, sim, estão, mas correr atrás de uma cenoura sem rumo pode (e vai) te distanciar muito mais... Ainda mais porque qualquer pessoa pode balançar uma cenoura na sua cara e te levar para onde ela quiser... E a culpa está longe de ser qualquer pessoa que possua duas (ou mais) lindas cenouras... A culpa é inteiramente sua de ser um imbecil cagalhão que se deixa levar por esse tipo de coisa. Lembre os velhos sonhos, lembre onde queria estar agora... E corra atrás disso como se não houvesse amanhã. Corra atrás do que você quer para a sua vida como se fosse morrer se não conseguisse. E realmente o vai... Do que vale a vida sem termos o que queremos conquistar? Melhor morrer tentando do que morrer correndo atrás de uma cenoura idiota...
Um ano se passou, passaram-se dez anos, e passarão muito mais do que isso, e eles serão anos de puro sofrimento se você não levantar dessa inércia agora e ir correndo buscar transformar o seu cérebro na máquina potente que você quer que ele seja. Vai ser fácil? Não, vai ser uma bosta, mas é o único caminho, não tem alternativa, só existe esta possibilidade, continuar ou morrer. Se não continuar estará se matando, morrer é não buscar transformar seu fantástico fpga encefálico no super computador que você sempre sonhou ter. Isso se faz com muita dedicação. O tempo inteiro deve ser o eterno querer... É a partir do querer que se faz qualquer coisa. Sem ele estaríamos inertes o tempo todo. O como conseguir é que vai sendo aprimorado, mas isso acontece naturalmente a partir do querer. Quando queremos, isso é inconsciente, o verdadeiro querer é inconsciente... Por sorte, mesmo o inconsciente tem uma profunda relação com o consciente... Mas tem também com nossos instintos, ou seja, ou você o convence daquilo que você quer realmente, ou ele vai seguir cegamente às suas cenouras pré-históricas... Entender como um cérebro funciona não é fácil, principalmente porque o entendimento parte dele próprio... Mas não precisamos entender ele como um todo, precisamos apenas de uns poucos mecanismos ligados ao aprendizado... É como aprender a linguagem de programação, é extremamente simples se comparada com a arquitetura de um complexo processador multcore... As pessoas geniais simplesmente conseguiram sacar esta linguagem e aplicar às suas vidas... Muitas vezes inconscientemente... Não estando nessa condição, nada impede alguém aprender conscientemente isso, programar-se a si mesmo e conquistar a configuração neurológica que sempre sonhou em ter... Tudo se resume em prazer no aprendizado, organização de dados, e revisões sistemáticas.
Bom, é aqui que eu entro em uma nova jornada em busca de transformar esse pé nojento de feijão em uma sequoia gigante e vai transformar a merda da minha vida em algo incrível de se ver.
Espero que isso motive alguém, principalmente alguém próximo, é sempre bom estar acompanhado nessa jornada compulsória e inevitável que é a vida... =D